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sábado, 29 de setembro de 2012

CLIPAGEM DA NET – Na chapada Diamantina, deficiente visual pedala forte e emociona atletas da competição Brasil Ride


Entre as mais de 150 duplas que participam da Brasil Ride, uma chama a atenção pela diferente bicicleta. Com uma Tandem (bike para duas pessoas), Alex Arruda aprende após dez anos de pedal e Adauto Belli, deficiente visual, dá uma aula de sabedoria. Lição de vida que emociona todos na ultramaratona de mountain bike que agita a Chapada Diamantina desde o último domingo (23) e termina neste sábado (29).

"Quando eu fiquei sabendo que ia fazer dupla com o Adauto eu comecei a tremer na base. Falei: 'não sei se eu sei andar de bicicleta'. Ainda mais com uma Tandem. Por tudo que o Adauto é, pela deficiência que ele tem, e a responsabilidade que eu tinha em relação a isso. Encarei e a experiência que eu tenho é fantástica. O que eu aprendi em uma semana eu acho que não aprenderia ao longo de alguns anos", conta Alex, publicitário paulista que participa da Brasil Ride pela terceira vez.

Natural de Brasília, Adauto Belli é treinador de cães explica de onde tira forças para encarar as duras trilhas da Chapada. "Eu venho para cá correr, venho para fazer força, mas quando eu volto para casa, tem sempre um aprendizado. Aqui não acaba. Você vê que a coisa se repercute de tal maneira que quem tem os mesmos problemas que eu tenho, ou problemas parecidos, se identifica bastante. Então aqui a galera me vê nas mesmas dificuldades que eles como atletas e sabem que eu estou dentro, que eu faço parte. E graças a pessoas assim como o Alex é que me possibilita esse convívio, estar junto com todo mundo. Daí você tira bastante força, porque tem sempre alguém te dando a mão. Esse que é o legal", explica.



Adauto não nasceu com a deficiência visual. Ele tem retinose pigmentar, uma degeneração progressiva da retina, e passou a perder a visão aos 15 anos. Nada que tirasse dele a vontade de praticar esporte. Além de ciclista, ele também é corredor de ultramaratona. A amizade entre Alex e Adauto nasceu há uma semana, mas promete crescer ainda mais. "Aprendi coisas com o Adauto que eu não fazia nem ideia que pudesse existir. A sensibilidade dele é como se eu não precisasse nem falar. A gente entrou em uma sintonia. Eu conheci o Adauto aqui na prova, faz uma semana que eu o conheço ele pessoalmente. Nos demos muito bem. A sintonia nossa foi muito legal. Já somos como irmãos".

Entre os ciclistas, uma brincadeira comum é dizer que um empurra o outro durante as provas da ultramaratona. Com a Tandem é diferente. "A bike empurra os dois. É um conjunto de três como ele (Adauto) já me falou", diz Alex. "Exatamente, a brincadeira não é assim. Não é separar as coisas, é trabalhar mesmo em conjunto a equipe", complementa Adauto.

Finisher - Alex e Adauto não vão ganhar a camisa de finisher, dada aos ciclistas que completaram toda a ultramaratona. Nada que deixe a dupla desanimada, pois ano que vem tem mais. “Infelizmente a gente não vai conseguir pegar o “finisher”, porque tivemos alguns problemas”.A Tandem é muito difícil. Como é a minha primeira vez, acho que não tive experiência suficiente para poder passar e pegar minha camisa de "finisher". Mas vou treinar para, na próxima vez, quem sabe a gente chega chegando com os caras aí e vamos para as cabeças. Gostei demais. Experiência de vida. Recomendo para qualquer pessoa. Não “tem limite para você andar”, dá o exemplo Alex.

Adauto já comemora a evolução. "Eu estou sempre dando um passo a mais. No ano passado eu fui até tal ponto e agora já estou em outro estágio. Vamos dizer assim: esse ano agora já foi um treino para o ano que vem. Então, espero chegar mais longe ainda ano que vem, sempre com ajuda de pessoas como o Alex", projeta. As pedaladas de superação continuam e não têm razão para parar. 

Fonte: IBAHIA.COM - Hailton Andrade

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