Entre
as mais de 150 duplas que participam da Brasil Ride, uma chama a atenção pela
diferente bicicleta. Com uma Tandem (bike para duas pessoas), Alex Arruda
aprende após dez anos de pedal e Adauto Belli, deficiente visual, dá uma aula
de sabedoria. Lição de vida que emociona todos na ultramaratona de mountain
bike que agita a Chapada Diamantina desde o último domingo (23) e termina neste
sábado (29).
Adauto
não nasceu com a deficiência visual. Ele tem retinose pigmentar, uma
degeneração progressiva da retina, e passou a perder a visão aos 15 anos. Nada
que tirasse dele a vontade de praticar esporte. Além de ciclista, ele também é
corredor de ultramaratona. A amizade entre Alex e Adauto nasceu há uma semana,
mas promete crescer ainda mais. "Aprendi coisas com o Adauto que eu não
fazia nem ideia que pudesse existir. A sensibilidade dele é como se eu não
precisasse nem falar. A gente entrou em uma sintonia. Eu conheci o Adauto aqui
na prova, faz uma semana que eu o conheço ele pessoalmente. Nos demos muito
bem. A sintonia nossa foi muito legal. Já somos como irmãos".
Entre
os ciclistas, uma brincadeira comum é dizer que um empurra o outro durante as
provas da ultramaratona. Com a Tandem é diferente. "A bike empurra os
dois. É um conjunto de três como ele (Adauto) já me falou", diz Alex.
"Exatamente, a brincadeira não é assim. Não é separar as coisas, é
trabalhar mesmo em conjunto a equipe", complementa Adauto.
Finisher
- Alex e Adauto não vão ganhar a camisa de finisher, dada aos ciclistas que
completaram toda a ultramaratona. Nada que deixe a dupla desanimada, pois ano
que vem tem mais. “Infelizmente a gente não vai conseguir pegar o “finisher”,
porque tivemos alguns problemas”.A Tandem é muito difícil. Como é a minha
primeira vez, acho que não tive experiência suficiente para poder passar e
pegar minha camisa de "finisher". Mas vou treinar para, na próxima
vez, quem sabe a gente chega chegando com os caras aí e vamos para as cabeças.
Gostei demais. Experiência de vida. Recomendo para qualquer pessoa. Não “tem
limite para você andar”, dá o exemplo Alex.
Adauto
já comemora a evolução. "Eu estou sempre dando um passo a mais. No ano
passado eu fui até tal ponto e agora já estou em outro estágio. Vamos dizer
assim: esse ano agora já foi um treino para o ano que vem. Então, espero chegar
mais longe ainda ano que vem, sempre com ajuda de pessoas como o Alex",
projeta. As pedaladas de superação continuam e não têm razão para parar.
Fonte:
IBAHIA.COM - Hailton Andrade
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