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segunda-feira, 14 de maio de 2012

CLIPAGEM: Karatê melhora autoestima de alunos da rede municipal


Foto - Bárbara Silveira

Há quatro anos ir para a escola se tornou mais divertido para cerca de 500 crianças da rede municipal de ensino de Salvador. Elas fazem parte do projeto Karatê nas Escolas, desenvolvido pela Secretaria Municipal da Educação Cultura, Esporte e Lazer (Secult). 


As instituições onde as aulas  acontecem são escolhidas pela estrutura oferecida e número de vagas disponíveis. Atualmente, crianças de seis escolas da capital contam com as aulas gratuitas, que são ministradas no turno oposto ao do ensino regular.


De acordo com a coordenadora do projeto de Educação Esportiva da Secult, Ivone Portela, as aulas têm o intuito de proporcionar aos alunos do ensino fundamental a oportunidade de participar de uma atividade esportiva saudável e contribuir para a redução da exposição das crianças às situações de risco e vulnerabilidade social quando estão fora da sala de aula.

Disciplina – Definido pelo presidente da Federação Baiana de Karatê, Carlos Rangel, como a atividade física que proporciona qualidade de vida aos seus praticantes; além de funcionar como um estimulante para o estilo de vida saudável e para o cumprimento de regras, o karatê é uma das modalidades esportivas do projeto Educação Esportiva da Secult, que ainda oferece aulas de ginástica rítmica e artística.

Ivone Portela explica que a escolha do karatê não foi ao acaso: “Foi principalmente por causa da utilização da sua filosofia no processo de formação acadêmico e humano dos alunos: união, amizade, respeito e disciplina. O karatê trabalha de forma positiva, além de contribuir no processo de elevação da autoestima, amor a família e o sentimento de solidariedade”, enumera.

Karatê-Dô - O projeto, que tem a supervisão da Federação Baiana de Karatê, ensina às crianças a vertente lúdica e pedagógica do Karatê-Dô, que se diferencia do ensinado nas academias, por exemplo, como explica o mestre Geraldo. “Aqui, nós ensinamos o karatê pedagógico, voltado para a inclusão social". Pontua.

Apesar da diferença nas vertentes ensinadas, os títulos conquistados pelos pequenos lutadores da escola Novo Horizonte provam que com os ensinamentos da versão lúdica e educacional do karatê também é possível competir e se tornar um campeão no esporte, como explica o presidente da Federação: “Ao serem apresentados ao Karatê-Dô, se houver aptidão para o esporte, é possível que o aluno se torne um novo talento em artes marciais, podendo se destacar no meio esportivo e garantir uma vida melhor através do karatê”, afirma Carlos Rangel.

Atualmente, as escolas municipais contempladas pelo projeto são a Cônsul Schindler, em São Caetano, Novo Horizonte, que fica no bairro de Novo Horizonte, a Afrânio Peixoto, em Sete de Abril, Regina Sturkenborg, que fica em Marechal Rondon, Profª Olga Mettig, localizada no bairro de Valéria, e Cidade de Itabuna, no Rio Sena.

As atividades, que são restritas aos alunos do ensino fundamental da rede municipal de ensino, acontecem duas vezes por semana, sempre no turno oposto às aulas, o que para a vice-diretora da escola Novo Horizonte, Ana Cláudia de Jesus, é um benefício para os alunos. “Além de oferecer uma prática esportiva e manter as crianças ocupadas no período oposto às aulas regulares, após as aulas de karatê extra-curriculares, as crianças recebem um lanche, o que garante mais uma alimentação do dia”, pontua.

Novo Horizonte - Na escola coordenada por Ana Cláudia, 150 crianças participam das aulas, que acontecem às terças e quintas, para alunos do matutino e do vespertino. Para a coordenadora da escola, o ensino do karatê vai além dos benefícios de uma prática esportiva e também  melhora a postura dos alunos em sala de aula. “Aqui, os meninos aprendem a distinguir a luta da violência, deixando as disputas somente para o tatame", explica.

Custo - Os alunos não pagam nada para praticar o esporte milenar, a farda e todo material necessário são oferecidos pela Secult. Quando há alguma competição externa, o transporte, inscrição e lanche também são custeados pela secretaria. A vice-diretora lembra que o projeto dá a chance das crianças de baixa renda terem acesso a uma prática esportiva. "Não é um esporte barato, as crianças da periferia não teriam acesso se o projeto não existisse".

O mestre em karatê dos alunos da Novo Horizonte, Geraldo Silva Scrhamm, que trabalha na escola desde a implantação do projeto, concorda com a vice-diretora. Segundo ele, o karatê ainda é um esporte de alto custo, que grande parte dos alunos não teria como financiar. "A inscrição para o campeonato baiano custa R$50, a maioria das crianças daqui não teria esse dinheiro para investir", pontua.

Campeonatos – A escola Novo Horizonte já formou diversos campeões no tatame. Quando questionado sobre as conquista dos pequenos, o mestre, que é conhecido pela rigidez e disciplina na hora das aulas, se enche de orgulho e conta a história de alguns dos campeões mirins.

Daiane de Jesus, de 12 anos é uma delas. A menina, que pratica o karatê há dois anos, é faixa amarela e já ganhou uma medalha de ouro. Questionada sobre a dificuldade para alcançar a precisão nos golpes, a pequena campeã abre o seu sorriso tímido e dispara: "Que nada, é fácil”.

Outra revelação do esporte na escola é Carolina Santos, de apenas 10 anos. A garotinha, que não teme os golpes no tatame, também já conquistou a faixa amarela e algumas medalhas. "Fui campeã de luta", conta, orgulhosa.
Os alunos da escola já participaram do Campeonato Baiano de Karatê, campeonatos internos e  outros promovidos pela Federação, Torneio de Santo Antônio de Jesus, onde conquistaram medalhas de ouro, prata e bronze em diversas categorias e também dos jogos intermunicipais, onde faturaram uma medalha de ouro.

Para a coordenadora da escola, as conquistas dos pequenos influenciam diretamente na autoestima das crianças. "O fato de estarem 'invisíveis' para parte da sociedade é massacrante, os campeonatos devolvem a autoestima para eles", pontua.

Ana Cláudia ressalta ainda que as conquistas e a prática esportiva também influenciam na relação da família com a vida escolar dos pequenos. “Os responsáveis ficam orgulhosos e até se aproximam mais da escola”.





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