Vice-campeão da GP2 com uma equipe que não figurava entre
as melhores da categoria havia alguns anos, Luiz Razia, impressionou os chefes
de equipe da Fórmula 1 em 2012. Mesmo assim, o baiano sabe que seu ótimo
desempenho na divisão de acesso não é garantia de uma vaga na elite do
automobilismo. Para conquistar um cockpit, ele tratou de captar patrocínios e,
aí sim, conversar com os times que ainda mantêm suas duplas em aberto.
- Tenho muita fé, acredito que vou
conseguir essa vaga, estou fazendo o máximo possível. Estou tentando conquistar
as equipes pela pessoa que eu sou, pelo profissional que eu sou, e acredito que
tenho um bom pacote para todas as equipes que estamos negociando. Estou
tranquilo quanto a isso. Temos que fazer nosso melhor, viver o momento de cada
dia, e as coisas vão acontecer naturalmente. Vai ser o que for para ser, na
verdade – disse o piloto, em entrevista à Rádio Globo, pouco antes de embarcar
para Abu Dhabi, onde se juntará ao staff da STR.
A expressão “bom pacote” não é usada
à toa. Além do talento demonstrado nas pistas e da capacidade de se tornar um
bom relações públicas para os patrocinadores das equipes perante a mídia, Razia
conta ainda com apoiadores pessoais, grande parte de empresas brasileiras. Um
perfil necessário aos pilotos que almejam um lugar ao sol no automobilismo de
hoje, e no qual ele faz questão de se enquadrar, mesmo não considerando o atual
cenário o mais justo para que um piloto prove sua capacidade.
- Se eu não tivesse nenhum tipo de patrocinador, poderia
juntar as malas e voltar para casa. Estamos na posição de falar com algumas
equipes porque conseguimos patrocinadores devido ao desempenho na GP2 e devido
à imprensa no Brasil, que foi muito generosa em dar atenção aos meus
resultados. Se eu não tivesse nenhum patrocínio, claramente estaria voltando
para o Brasil, mas isso não é o caso. É assim que a banda toca agora. A vida é
adaptar, simplificar e executar. A gente tem feito este processo e, graças a
Deus, tem estes recursos para estar na Fórmula 1 no ano que vem.
Antes de mirar um posto de titular,
Razia já teve outras experiências com times de Fórmula 1, mas nos chamados
“nanicos”. Em 2010 e 2011, ele testou carros da Marussia e da Caterham,
chegando a disputar um treino livre no GP do Brasil do ano passado com o time
anglo-malaio. A proximidade com as equipes de F-1 é fruto de seu dia a dia na
GP2 – um campeonato que corre nas mesmas pistas e datas, como preliminar. Razia
confessa que, enquanto vencia corridas na categoria de base, tratou de manter
contato com os chefes das equipes de quase todo o grid.
- Eu bati à porta de todas as equipes, praticamente. As
opções foram se fechando a poucas equipes e, no final, estamos ainda conversando
com duas, três, que são realmente para vaga. Mas precisamos, agora, concretizar
o assunto. Obviamente é um pouco difícil falar que equipes são, pelo fato de
acabar atrapalhando as negociações, mas estamos em um bom passo, e acho que as
coisas vão dar certo.
Mesmo sem abrir o jogo sobre os nomes
dos times, ele não esconde que as chances maiores se encontram naqueles com os
quais teve algum tipo de contato mais próximo em 2012. Na STR, onde vai testar,
a única chance no momento é a de se tornar um reserva de Vergne e Ricciardo. O
time é ligado à RBR,
atual bicampeã de pilotos e construtores, equipe gerida por Christian Horner.
Não por acaso, Horner é o dono da Arden, equipe que Razia levou ao vice da GP2
neste ano.
Por outro lado, o bom equipamento e a
estrutura inglesa da equipe Force India - que teve uma vaga aberta nesta semana
com o anúncio da ida de Nico Hulkenberg para a Sauber - agradam o brasileiro.
Que, mesmo falando italiano fluentemente, diz que prefere o método de trabalho
dos britânicos. Além disso, andar por um time médio é também uma forma de se
manter sob os olhos dos dirigentes de times grandes, que geralmente buscam
pilotos de destaque no pelotão intermediário para guiar ao lado de nomes
consagrados. Como aconteceu recentemente com o mexicano Sergio Pérez, que
trocou a Sauber pela McLaren.
- Tenho que conseguir a melhor oportunidade, mas não devo
ficar escolhendo demais, e sim seguir um plano. As equipes são boas e seria um
bom passo entrar numa destas duas. A Force India é uma equipe que está à frente
da STR em termos de carro e desempenho, e estrear em um time como este
aceleraria muito meu processo de chegar a uma equipe boa em dois ou três anos.
Mas primeiro a gente precisa chegar à F-1, este é o primeiro objetivo, para
este final de ano.
Fonte: Globo.com
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